Água mole em pedra dura...

2005-11-25

Vasco, o reformado

APESAR de ter apenas 50 anos de idade e de gozar de plena saúde,
o socialista Vasco Franco, número dois do PS na Câmara de Lisboa
durante as presidências de Jorge Sampaio e de João Soares,
está já reformado.

A pensão mensal que lhe foi atribuída ascende a 3.035 euros (608
contos), um valor bastante acima do seu vencimento como vereador.

A generosidade estatal decorre da categoria com que foi
aposentado - técnico superior de 1ª classe, segundo o
«Diário da República» - apesar de as suas habilitações
literárias se ficarem pelo antigo Curso Geral
do Comércio, equivalente ao actual 9º ano de escolaridade.

A contagem do tempo de serviço de Vasco Franco é outro
privilégio raro, num país que pondera elevar a idade de
reforma para os 68 anos, para
evitar a ruptura da Segurança Social.

O dirigente socialista entrou para os quadros do
Ministério da Administração Interna em 1972, e dos 30 anos
passados só ali cumpriu
sete de dedicação exclusiva; três foram para o serviço
militar e os restantes 20 na vereação da Câmara de Lisboa,
doze dos quais a tempo inteiro. Vasco Franco diz que
é tudo legal e que a lei o autoriza a
contar a dobrar 10 dos 12 anos como vereador a tempo inteiro.
Triplicar o salário. Já depois de ter entregue o
pedido de reforma, Vasco Franco foi convidado
para administrador da Sanest, com um
ordenado líquido de 4000 euros mensais (800 contos).
Trata-se de uma sociedade de capitais públicos,
comparticipada pelas Câmaras da
Amadora, Cascais, Oeiras e Sintra e pela empresa
Águas de Portugal, que gere o sistema de saneamento
da Costa do Estoril. O convite partiu do
reeleito presidente da Câmara da Amadora, Joaquim Raposo,
cuja mulher é secretária de Vasco Franco na Câmara de Lisboa.
O contrato, iniciado em Abril, vigora por um período de 18
meses.

A acumulação de vencimentos foi autorizada pelo
Governo mas, nos termos do acordo, o salário
de administrador é reduzido em 50% - para 2000
euros - a partir de Julho, mês em que se inicia
a reforma, disse ao
EXPRESSO Vasco Franco.
Não se ficam, no entanto, por aqui os contributos
da fazenda pública para o bolo salarial do dirigente
socialista reformado. A somar aos mais de 5000 euros
da reforma e do lugar de administrador, Vasco Franco
recebe ainda mais 900 euros de outra reforma, por ter
sido ferido em combate em Moçambique
já depois do 25 de Abril (????????), e cerca de
250 euros em senhas de presença pela actuação
como vereador sem pelouro.
Contas feitas, o novo reformado triplicou o
salário que auferia no
activo, ganhando agora mais de 1200 contos
limpos. Além de carro,
motorista, secretária, assessores e telemóvel.

2005-11-21

Valter, o Louco

Valter, o secretário de estado da educação, enviou sexta-feira passada para a comunicação social uma notícia intoxicante sobre as faltas dos professores, que se revelou manipulada no sentido de deturpar a classe docente!

Vejamos qual a ética desde individuo, através de uma noticia de um jornal de Penamacor:

"A Câmara de Penamacor reuniu, este ano, pela última vez, na Freguesia do Vale da Senhora da Póvoa. No encontro, que contou com a presença de todos os elementos do executivo, entre os quais João Manuel Gonçalves, que substitui Valter Lemos, que perdeu o mandato por excesso de faltas, o ponto mais forte foi a votação do Plano de Actividades e Orçamento para o ano de 1994..."

Lá diz o Povo: " Olha para o que eu digo não olhes para o que eu faço!"

2005-11-19

Soares, o incrível

A Associação das Agências de Viagem Portuguesas (AAVP) quer aqui anunciar, que apoia o candidato Mário Soares à Presidência da República pelas razões de seguida mencionadas:


1986
11 a 13 de Maio - Grã-Bretanha
06 a 09 de Julho - França
12 a 14 de Setembro - Espanha
17 a 25 de Outubro - Grã-Bretanha e França
28 de Outubro - Moçambique
05 a 08 de Dezembro - São Tomé e Príncipe
08 a 11 de Dezembro - Cabo Verde


1987
15 a 18 de Janeiro - Espanha
24 de Março a 05 de Abril - Brasil
16 a 26 de Maio - Estados Unidos
13 a 16 de Junho - França e Suíça
16 a 20 de Outubro - França
22 a 29 de Novembro - Rússia
14 a 19 de Dezembro - Espanha


1988
18 a 23 de Abril - Alemanha
16 a 18 de Maio - Luxemburgo
18 a 21 de Maio - Suíça
31 de Maio a 05 de Junho - Filipinas
05 a 08 de Junho - Estados Unidos
08 a 13 de Agosto - Equador
13 a 15 de Outubro - Alemanha
15 a 18 de Outubro - Itália
05 a 10 de Novembro - França
12 a 17 de Dezembro - Grécia


1989
> 19 a 21 de Janeiro - Alemanha
> 31 de Janeiro a 05 de Fevereiro - Venezuela
> 21 a 27 de Fevereiro - Japão
> 27 de fevereiro a 05 de Março - Hong-Kong e Macau
> 05 a 12 de Março - Itália
> 24 de Junho a 02 de Julho - Estados Unidos
> 12 a 16 de Julho - Estados Unidos
> 17 a 19 de Julho - Espanha
> 27 de Setembro a 02 de Outubro - Hungria
> 02 a 04 de Outubro - Holanda
> 16 a 24 de Outubro - França
> 20 a 24 de Novembro - Guiné-Bissau
> 24 a 26 de Novembro - Costa do Marfim
> 26 a 30 de Novembro - Zaire
> 27 a 30 de Dezembro - República Checa
>
> 1990
> 15 a 20 de Fevereiro - Itália
> 10 a 21 de Março - Chile e Brasil
> 26 a 29 de Abril - Itália
> 05 a 06 de Maio - Espanha
> 15 a 20 de Maio - Marrocos
> 09 a 11 de Outubro - Suécia
> 27 a 28 de Outubro - Espanha
> 11 a 12 de Novembro - Japão
>
> 1991
> 29 a 31 de Janeiro - Noruega
> 21 a 23 de Março - Cabo Verde
> 02 a 04 de Abril - São Tomé e Príncipe
> 05 a 09 de Abril - Itália
> 17 a 23 de Maio - Rússia
> 08 a 11 de Julho - Espanha
> 16 a 23 de Julho - México
> 27 de Agosto a 01 de Setembro - Espanha
> 14 a 19 de Setembro - França e Bélgica
> 08 a 10 de Outubro - Bélgica
> 22 a 24 de Novembro - França
> 08 a 12 de Dezembro - Bélgica e França
>
> 1992
> 10 a 14 de Janeiro - Estados Unidos
> 23 de Janeiro a 04 de Fevereiro - India
> 09 a 11 de Março - França
> 13 a 14 de Março - Espanha
> 25 a 29 de Abril - Espanha
> 04 a 06 de Maio - Suíça
> 06 a 09 de Maio - Dinamarca
> 26 a 28de Maio - Alemanha
> 30 a 31 de Maio - Espanha
> 01 a 07 de Junho - Brasil
> 11 a 13 de Junho - Espanha
> 13 a 15 de Junho - Alemanha
> 19 a 21 de Junho - Itália
> 14 a 16 de Outubro - França
> 16 a 19 de Outubro - Alemanha
> 19 a 21 de Outubro - Áustria
> 21 a 27 de Outubro - Turquia
> 01 a 03 de Novembro - Espanha
> 17 a 19 de Novembro - França
> 26 a 28 de Novembro - Espanha
> 13 a 16 de Dezembro - França
>
> 1993
> 17 a 21 de Fevereiro - França
> 14 a 16 de Março - Bélgica
> 06 a 07 de Abril - Espanha
> 18 a 20 de Abril - Alemanha
> 21 a 23 de Abril - Estados Unidos
> 27 de Abril a 02 de Maio - Grã-Bretanha e Escócia
> 14 a 16 de Maio - Espanha
> 17 a 19 de Maio - França
> 22 a 23 de Maio - Espanha
> 01 a 04 de Junho - Irlanda
> 04 a 06 de Junho - Islândia
> 05 a 06 de Julho - Espanha
> 09 a 14 de Julho - Chile
> 14 a 21 de Julho - Brasil
> 24 a 26 de Julho - Espanha
> 06 a 07 de Agosto - Bélgica
> 07 a 08 de Setembro - Espanha
> 14 a 17 de de Outubro - Coreia do Norte
> 18 a 27 de Outubro - Japão
> 28 a 31 de Outubro - Hong-Kong e Macau
>
> 1994
> 02 a 05 de Fevereiro - França
> 27 de Fevereiro a 03 de Março - Espanha (incluindo Canárias)
> 18 a 26 de Março - Brasil
> 08 a 12 de Maio - África do Sul (Tomada de posse de Mandela)
> 22 a 27 de Maio - Itália
> 27 a 31 de Maio - África do Sul
> 06 a 07 de Junho - Espanha
> 12 a 20 de Junho - Colômbia
> 05 a 06 de Julho - França
> 10 a 13 de Setembro - Itália
> 13 a 16 de Setembro - Bulgária
> 16 a 18 de Setembro - - França
> 28 a 30 de Setembro - Guiné-Bissau
> 09 a 11 de Outubro - Malta
> 11 a 16 de Outubro - Egipto
> 17 a 18 de Outubro - Letónia
> 18 a 20 de Outubro - Polónia
> 09 a 10 de Novembro - Grã-Bretanha
> 15 a 17 de Novembro - República Checa
> 17 a 19 de Novembro - Suíça
> 27 a 28 de Novembro - Marrocos
> 07 a 12 de Dezembro - Moçambique
> 30 de Dezembro a 09 de Janeiro 1995 - Brasil
>
> 1995
> 31 de Janeiro a 02 de Fevereiro - França
> 12 a 13 de Fevereiro - Espanha
> 07 a 08 de Março - Tunísia
> 06 a 10 de Abril - Macau
> 10 a 17 de Abril - China
> 17 a 19 de Abril - Paquistão
> 07 a 09 de Maio - França
> 21 de Setembro - Espanha
> 23 a 28 de Setembro - Turquia
> 14 a 19 de Outubro - Argentina e Uruguai 20 a 23 de Outubro - Estados
> Unidos
> 27 de Outubro - Espanha
> 31 de Outubro a 04 de Novembro - Israel
> 04 e 05 de Novembro Faixa de Gaza e Cisjordânia
> 05 e 06 de Novembro - Cidade de Jerusalém
> 15 a 16 de Novembro - França
> 17 a 24 de Novembro - África do Sul
> 24 a 28 de Novembro - Ilhas Seychelles
> 04 a 05 de Dezembro - Costa do Marfim
> 06 a 10 de Dezembro - Macau
> 11 a 16 de Dezembro - Japão
>
> 1996
> 08 a 11 de Janeiro - Angola

Durante os anos que ocupou o Palácio de Belém, Soares
visitou 57 países (alguns várias vezes como por exemplo
Espanha que visitou 24 vezes e a França 21 vezes),
percorrendo no total 992.809 KMS o que corresponde
a 22 vezes a volta ao mundo.

Do bloguista Atento, algures na blogosfera

2005-11-18

A vergonha nacional do ministério da educação

Ficará para a história da educação o facto desta ministra num dia de greve com motivos muito fortes, ter intoxicado a opinião pública com uma mentira manipulada de números de faltas de professores. E só vos apresento um motivo: como é possível contabilizar as faltas dos professores num ano (2004) em as colocações foram mal efectuados por este mesmo ministério e só em Outubro, com toda a agitação social que houve? Quando professores só foram colocados em Novembro, Dezembro etc... . Como é possível mentir tão descaradamente! É inacreditável o que se passou! Este País realmente bateu no fundo!

2005-11-17

Esta é demais ...

José Sócrates confirma demissão do coordenador do Plano Tecnológico

Sem adiantar as razões que ditaram a demissão do coordenador, José Sócrates sublinhou que o "importante é que o plano tecnológico está em marcha há muito meses”. “Não esperámos por um documento" para avançar, afirmou o primeiro-ministro, lembrando a introdução do ensino de inglês no 1º ciclo.
-------------------------------
Ó companheiros, desculpem lá mas já não me aguento mais,
FODA-SE!!!
A introdução facultativa do inglês em dois anos do 1º ciclo fazia parte do plano tecnológico? Porra que este “eng” para mentir é quase tão bom como o CC.


P:S. Antes que me dê um ataque fininho, recuso-me a ler mais alguma noticia hoje.

Desconfiado, algures num Blog!

Barroso, o tóxico


Greenpeace

Para quem quer realmente ganhar dinheiro


ALTAVISA

GREVE

Pergunta à Ministra da Educação

2005-11-14

Lei nº53/2005 de 8 de Novembro

Artigo 6.º
Âmbito de intervenção


Estão sujeitas à supervisão e intervenção do conselho regulador todas as entidades que, sob jurisdição do Estado Português, prossigam actividades de comunicação social, designadamente:

a) As agências noticiosas;

b) As pessoas singulares ou colectivas que editem publicações periódicas, independentemente do suporte de distribuição que utilizem;

c) Os operadores de rádio e de televisão, relativamente aos serviços de programas que difundam ou aos conteúdos complementares que forneçam, sob sua responsabilidade editorial, por qualquer meio, incluindo por via electrónica;

d) As pessoas singulares ou colectivas que disponibilizem ao público, através de redes de comunicações electrónicas, serviços de programas de rádio ou de televisão, na medida em que lhes caiba decidir sobre a sua selecção e agregação;

e) As pessoas singulares ou colectivas que disponibilizem regularmente ao público, através de redes de comunicações electrónicas, conteúdos submetidos a tratamento editorial e organizados como um todo coerente.


Cuidado com o que publicam amigos bloguistas!

Ó Povo como te enganas...

2005-11-13

Aulas de Ética na Casa Branca




Ridículo

A verdadeira história do 1º referendo às armas no Brasil




A Bull Market

Most of the guns that end up in civilian hands in Brazil are locally manufactured by Taurus, the largest, but not the only, small arms producer and manufacturer in Latin America. It’s website boasts models including the “Raging Bull Big Bore Revolver,” the “CIA” model, and a selection of hollow points bullets.

Based near Porto Alegre in the south of Brazil, the company has grown enormously since its humble start some 64 years ago. Today, thanks to exports to, and marketing and distribution in the U.S. and other countries, Taurus has grown into a considerable world player. In the U.S., each purchase of a Taurus gun comes with a free NRA membership.

No less than 33 percent of all the handguns and pistols sold in the U.S. are of Brazilian origin, according to Viva Rio, a civic organization championing a total ban of firearms.

Knowing how trigger-happy some parts of the American society are, Taurus targeted the U.S. market in the late 60s and hired American gun distributors and marketing consultants. Bangor Punta, a huge U.S. corporation purchased Smith and Wesson before picking up 54 percent of the Taurus stock. Within the Bangor Punta structure, both Smith and Wesson and Taurus remained independent companies, but exchanged methodology and technology.

Twenty three years ago, Taurus do Brasil opened a daughter company and affiliation in Miami and began mining the cowboy cache of American weapons. “That [U.S. connection] not only changed the image of the company but also made a difference in the use of handguns in this country,” says Antonio Rangel, a senior-researcher and sociologist at Rio Viva, “We see a link between establishing Taurus in the U.S. and the glamorizing the use of guns with younger people. They think it is trendy to be armed and use firearms.”

In Brazil, Taurus’s competition was the Italian arms producer Beretta, the gun of choice in many Hollywood movies and television series.

Most of Beretta’s contracts were with the Brazilian military, which was busily arming itself to defend its territory against alleged foreign intruders, to protect shaky borders, and to repress its civil population during the era of the military dictatorship from 1964 to 1984. The police too, were armed with Beretta-designed weapons.

Well known for stylish clothing and industrial design, the Italians brought their panache to the gun market as well. In 1988, when Beretta sold its interests to Taurus in Brazil, a new era of gun designing began and Taurus now features such fashion statements and pink pearl-handled revolvers with gold detailing and a 357 Magnum Gaucho model in Sundance Blue. Taurus also has introduced the infamous “9” series.


Mais informação em Brazil Gun

Alguém consegue identificar a nova Presidente da Libéria?


"... Ellen Johnson-Sirleaf, a Harvard-educated economist and former World Bank official ..."

Mais uma esbirro colocada pelo Banco Mundial em África, para manipularem a seu belo prazer!

2005-11-09

Associação Não Comercializada

Novo blog da Póvoa de Varzim!

Aleluia

"Comissão Europeia abriu um pré-contencioso ao Estado português por incumprimento de directivas" Portugaldiario
Até que enfim as ilegalidades contidas na proposta da barragem vem ao de cima!

2005-11-06

Na Póvoa de Varzim

Sócrates : "Só sei que nada sei"

No momento em que eliminam vários direitos adquiridos, em nome da sustentabilidade das contas do país e da equidade de direitos no funcionalismo público, José Sócrates e o PS alargam até 2009 o
generoso regime de privilégios de autarcas e deputados. Pior: fazem-no à socapa, com enganosos artifícios por baixo da mesa, e tentando passar a ideia de que estão a fazer o contrário, a moralizar o alargado esquema de regalias da classe política.

Atente-se nos passos desta artimanha processual e política. Antes de impor os generalizados sacrifícios e cortes à função pública, José Sócrates anunciou e garantiu que, como exemplo, os políticos seriam os primeiros a prescindir dos seus regimes de privilégios
injustificados. Para isso, e porque «os sacrifícios teriam de ser distribuídos por
todos como humildemente assegurou Sócrates, iria ser revista a lei das subvenções dos políticos. Uma lei que, há mais de duas décadas, permite que seja contado a dobrar o tempo em funções dos políticos para efeitos de reforma, que lhes seja atribuído um invejável subsídio de reintegração ou que se reformem antecipadamente muito antes dos 65, dos 60 ou até dos 50 anos.

O fim destes privilégios iria abranger, de imediato, mais de um milhar de autarcas (presidentes de câmara e vereadores executivos) e algumas dezenas de deputados, entre outros políticos. A nova lei entrou mesmo no Parlamento a 16 de Junho e foi votada e aprovada a 28 de Julho.

Faltava apenas a votação final global que, face ao crescente clamor de protesto dos aparelhos partidários, o Parlamento meteu na gaveta e deixou para depois das férias.

Começava a perceber-se que a nova lei só iria entrar em vigor depois das eleições de 9 de Outubro, por pressões de autarcas de todos os quadrantes e das estruturas partidárias. Na verdade, para um autarca que tivesse terminado o seu primeiro mandato e agora se recandidatava, a entrada
em vigor da nova lei implicaria que no final de 2009 apenas contasse 8 anos, de dois mandatos, para a sua reforma. Se a lei não entrasse em vigor (e como estipula que, a partir dos 6 anos em funções, a contagem é feita a dobrar), esse mesmo autarca chegaria a 2009 contabilizando 16 anos para
a sua reforma. E muitos deles, deputados e autarcas, poderiam mesmo continuar a usufruir até 2009 do privilegiado sistema de reformas antecipadas. Percebia-se a inquietação.

Quando o Parlamento reabriu, a 15 de Setembro, Sócrates fez questão que a aprovação final da nova lei fosse votada de imediato, para afastar dúvidas e suspeições. E foi. Só que, em vez de seguir para promulgação em Belém, ficou a aboborar nos gabinetes do Parlamento e na secretária do socialista Osvaldo Castro. Só foi enviada a Jorge Sampaio a 4 de Outubro e contendo uma disposição que estipula que «a presente lei entra em vigor no primeiro dia do mês seguinte ao da sua publicação». Ou seja, estava garantido que os autarcas reeleitos a 9 de Outubro podiam dormir descansados. A nova lei só teria efeitos a partir de 1 de Novembro.

Os vinte dias que o Parlamento e o PS retiveram a lei, antes de a enviar para a Presidência, tinham sido cirurgicamente providenciais. Sampaio promulgou a lei com rapidez, em dois dias, e enviou-a para publicação em «Diário da República», onde viu a luz do dia na manhã seguinte às eleições autárquicas. Mas já era tarde para ter efeitos imediatos. Ainda assim e porque as leis entram em vigor cinco dias após a sua publicação (não fosse a disposição que, neste caso, remete para 1 de Novembro), muitos autarcas recearam que ela passasse a vigorar logo no dia 15 de Outubro. E à cautela, num movimento inédito logo na primeira semana pós-eleições, muitos foram os concelhos e os autarcas que se apressaram a antecipar as tomadas de posse. Não fosse o diabo
tecê-las.

Em conclusão. No momento em que restringem privilégios a vários sectores do funcionalismo público, em que extinguem subsistemas de saúde mais favoráveis, em que aumentam a idade para efeito de reforma, em que congelam salários e progressões nas carreiras - nesse mesmo momento,
José Sócrates e o PS permitem que as regalias e regimes especiais da classe política se prolonguem até 2009 e abranjam mais umas larguíssimas centenas de políticos no activo.

Com que cara e com que moralidade podem o primeiro-ministro, o PS e os deputados em geral (cúmplices nesta artimanha processual em proveito próprio) encarar os juízes e magistrados em greve? Ou exigir que a generalidade dos funcionários públicos compreenda as dificuldades e aceite os sacrifícios? Não sobrará, no meio de tudo isto, um mínimo de vergonha.

A História é importante...

A bitola dos caminhos de ferro (distância entre os 2 trilhos) dos Estados Unidos é de 4 pés e 8,5 polegadas.

Por que foi usado este número? Porque era esta a bitola dos caminhos de ferro ingleses e, como os caminhos de ferro americanos foram construídos pelos ingleses, esta medida foi usada.

Por que é que os ingleses usavam esta medida? Porque as empresas Inglesas que construíam os vagões eram as mesmas que construíam as carroças antes dos caminhos de ferro e utilizaram as mesmas bitolas das carroças.

Por que era usada a medida (4 pés e 8,5 polegadas) para as carroças? Porque a distância entre as rodas das carroças deveria caber nas estradas antigas da Europa que tinham esta medida.

E por que tinham as estradas esta medida? Porque estas estradas foram abertas pelo antigo império romano aquando das suas conquistas, e estas medidas eram baseadas nos carros romanos puxados por dois cavalos.

E porque é que as medidas dos carros romanos foram definidas assim? Porque foram feitas para acomodar 2 traseiros de cavalo!



Finalmente...

O vaivém espacial americano, o Space Shuttle, utiliza 2 tanques de combustível (SRB; Solid Rocket Booster) que são fabricados pela Thiokol no Utah. Os engenheiros que projectaram estes tanques queriam fazê-lo mais largos, porém tinham a limitação dos túneis ferroviários por onde eles seriam transportados, que tinham as suas medidas baseadas na bitola da linha, que estava limitada ao tamanho das carroças inglesas, que tinham a largura das estradas europeias da época do império Romano, que tinham a largura dos cus de 2 cavalos romanos...

2005-11-03

O Atestado

O atestado médico
Imagine o meu caro que é professor, que é dia de exame do 12º ano e vai ter de fazer uma vigilância.
Continue a imaginar. O despertador avariou durante a noite. Ou fica preso no elevador. Ou o seu filho, já à porta do infantário, vomitou o quente, pastoso, húmido e fétido pequeno-almoço em cima da sua imaculada camisa.
Teve, portanto, de faltar à vigilância. Tem falta. Ora esta coisa de um professor ficar com faltas injustificadas é complicada, por isso convém justificá-la. A questão agora é: como justificá-la? Passemos então à parte divertida.
A única justificação para o facto de ficar preso no elevador, do despertador avariar ou de não poder ir para uma sala do exame com a camisa vomitada, ababalhada e malcheirosa, é um atestado médico. Qualquer pessoa com um pouco de bom senso percebe que quem precisa aqui do atestado médico será o despertador ou o elevador. Mas não. Só uma doença poderá justificar a sua ausência na sala do exame.
Vai ao médico. E, a partir deste momento, a situação deixa de ser divertida para passar a ser hilariante.
Chega-se ao médico com o ar mais saudável deste mundo. Enfim, com o sorriso de Jorge Gabriel misturado com o ar rosado do Gabriel Alves e a felicidade do padre Melícias. A partir deste momento mágico, gera-se um fenómeno que só pode ser explicado através de noções básicas da psicopatologia da vida quotidiana. Os mesmos que explicam uma hipnose colectiva em Felgueiras, o holocausto nazi ou o sucesso da TVI.
O professor sabe que não está doente. O médico sabe que ele não está doente. O presidente do executivo sabe que ele não está doente. O director regional sabe que ele não está doente. O Ministério da Educação sabe que ele não está doente. O próprio legislador, que manda a um professor que fica preso no elevador apresentar um atestado médico, também sabe que o professor não está doente.
Ora, num país em que isto acontece, para além do despertador que não toca, do elevador parado e da camisa vomitada, é o próprio país que está doente. Um país assim, onde a mentira é legislada, só pode mesmo ser um país doente.
Vamos lá ver, a mentira em si não é patológica. Até pode ser racional, útil e eficaz em certas ocasiões. O que já será patológico é o desejo que temos de sermos enganados ou a capacidade para fingirmos que a mentira é verdade. Lá nesse aspecto somos um bom exemplo do que dizia Goebbels: uma mentira várias vezes repetida transforma-se numa verdade.
Já Aristóteles percebia uma coisa muito engraçada: quando vamos ao teatro, vamos com o desejo e uma predisposição para sermos enganados. Mas isso é normal. Sabemos bem, depois de termos chorado baba e ranho a ver o "ET", que este é um boneco e que temos de poupar a baba e o ranho para outras ocasiões.
O problema é que em Portugal a ficção se confunde com a realidade. Portugal é ele próprio uma produção fictícia, provavelmente mesmo desde D. Afonso Henriques, que Deus me perdoe.
A começar pela política. Os nossos políticos são descaradamente mentirosos. Só que ninguém leva a mal porque já estamos habituados. Aliás, em Portugal é-se penalizado por falar verdade, mesmo que seja por boas razões, o que significa que em Portugal não há boas razões para falar verdade.
Se eu, num ambiente formal, disser a uma pessoa que tem uma nódoa na camisa, ela irá levar a mal. Fica ofendida. Se eu digo isso é para a ajudar, para que possa disfarçar a nódoa e não fazer má figura. Mas ela fica zangada comigo só porque eu vi a nódoa, sabe que eu sei que tem a nódoa e porque assumi perante ela que sei que tem a nódoa e que sei que ela sabe que eu sei.
Nós, portugueses, adoramos viver enganados, iludidos e achamos normal que assim seja. Por exemplo, lemos revistas sociais e ficamos derretidos (não falo do cérebro, mas de um plano emocional) ao vermos casais felicíssimos e com vidas de sonho. Pronto, sabemos que aquilo é tudo mentira, que muitos deles divorciam-se ao fim de três meses e que outros vivem um alcoolismo disfarçado. Mas adoramos fingir que aquilo é tudo verdade.
Somos pobres, mas vivemos como os alemães e os franceses. Somos ignorantes e culturalmente miseráveis, mas somos doutores e engenheiros. Fazemos malabarismos e contorcionismos financeiros, mas vamos passar férias a Fortaleza. Fazemos estádios caríssimos para dois ou três jogos em 15 dias, temos auto-estradas modernas e europeias, mas para ver passar, a seu lado, entulho, lixo, mato por limpar, eucaliptos, floresta queimada, barracões com chapas de zinco, casas horríveis e fábricas desactivadas.
Portugal mente compulsivamente. Mente perante si próprio e mente perante o mundo.
Claro que não é um professor que falta à vigilância de um exame por ficar preso no elevador que precisa de um atestado médico. É Portugal que precisa, antes que comece a vomitar sobre si próprio.

Professor de Filosofia

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