A época do ano que mais gosto é aquela em que o céu acorda plúmbeo e de sobrolho carregado e se desfaz, copiosa e sonantemente, em água prenhe de vida, deixando no ar um aroma fértil a verde; esse mesmo céu que, de tarde, se abre num gigantesco sorriso quente e soalheiro, que nos aquece o coração e faz gargalhar prazenteiramente.
A época do ano que mais gosto é aquela em que as aves andam atarefadas a recolher paus e palhinhas para fazerem os ninhos onde, pouco tempo depois, desabrocharão os seus tenrinhos rebentos. Por todo o lado ecoarão felizes e sublimes trinados que, sem que disso tenhamos consciência, nos alegram e enchem de música a alma, embuindo-nos de energia positiva e de vontade de abraçar calorosamente o nosso semelhante.
E, sobretudo, é a época em que a Natureza veste a sua paleta de mil cores para receber as acrobáticas e corajosas andorinhas, que ficarão connosco 6 longos meses para, no fim do Estio, se alinharem nos fios eléctricos, quais soldadinhos de chumbo, preparando-se para encetar a sua homérica viagem para o sul do planeta.
Pong